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Filipe Albuquerque prepara-se para a 10ª participação em Le Mans Vencer: fácil dizer, difícil fazer  
2023-06-03  
A 91ª edição das 24h de Le Mans no próximo fim-de-semana de 10 e 11 de junho, marcam a 10ª participação de Filipe Albuquerque na emblemática prova francesa. Conhecida como a grande maratona do automobilismo mundial, o piloto de Coimbra, que já venceu a prova em 2020 entre os LMP2, não esconde a ambição de voltar a repetir o feito. Antes de entrar em pista amanhã, para o primeiro treino antes da corrida propriamente dita, Filipe faz algumas considerações sobre a prova e sobre a sua época desportiva.

1. Antevê-se uma das maiores provas do automobilismo mundial, as 24h de Le Mans. O que representa esta prova para ti?
Le Mans é Le Mans. Todos querem ganhar. É a minha 10ª participação. Uma boa altura para voltar a repetir a vitória de 2020! É uma prova dura, que é ambicionada por todos os pilotos. É aquela prova que todos querem fazer e vencer! Sonhei bastante com a minha primeira participação, depois com a vitória e agora sonho em fazer tudo de novo, ano após ano.

2. Já contas com uma vitória na prova, mas sabe sempre a pouco. Quais os objetivos para a edição deste ano?
Como em qualquer outra corrida, os meus objetivos são sempre ganhar. Fácil dizer, difícil fazer. Temos uma boa equipa, um conjunto de pilotos muito motivados. A nossa equipa está na liderança do Campeonato do Mundo, por isso chegamos aqui como favoritos, mas numa prova tão dura como esta o favoritismo pode significar pouco.

3. Como vives os dias antes e durante a competição?
Como ando sempre entre corridas, os meus dias são sempre muito semelhantes: treinar fisicamente, relaxar e estar com a família. Analisar tudo ao pormenor e definir trabalho. Durante a corrida, sobretudo nesta que é tão desgastante, é tratar de manter os níveis de concentração bem altos. Tudo o que podermos fazer para estar física e psicologicamente alinhados é muito importante para evitar percalços. É um jogo de cintura grande que acabamos por nos ajustar com a experiência.

4. Quais consideras ser os pontos fortes e fracos da tua equipa para esta edição?
Os pontos fortes são uma equipa coesa e experiente e pilotos muito motivados e focados. Conhecemo-nos todos muito bem. Trabalho com o mesmo engenheiro há seis anos. Estamos sempre muito alinhados, o que facilita o trabalho. O Frederick Lubin está connosco há pouco tempo e tem menos experiência, mas em todas as equipas há um piloto menos experiente e faz parte do ‘jogo’.

5. E os teus companheiros de equipa, acreditas que são os parceiros certos? O que mais aprecias em cada um deles?
São certamente. O Phil têm-se revelado um piloto extraordinário. Cada vez mais rápido, mais experiente e vencedor de Le Mans e do Mundo. Está tudo dito! O Frederick Lubin é rápido, mas menos experiente, mas consciente disso é um piloto muito humilde sempre com uma enorme vontade de aprender e de fazer melhor. Juntos somos uma boa tripla.

6. Quais os principais fatores a ter em conta numa prova tão longa como esta?
Para mim é agir como se se tratasse de uma outra prova qualquer. Tentar afastar a pressão e manter a concentração. A pista é rápida, é fácil cometer erros. Temos de estar sempre em alerta máximo para não haver surpresas.

7. Há semelhanças com as 24h de Daytona?
São duas corridas muito distintas que se assemelham na duração. Os americanos têm uma cultura muito diferente de ver as corridas. Há uma grande proximidade entre a competição e o público. Já em Le Mans, o distanciamento é maior, mas a corrida também é muito maior. São esperadas 350.000 pessoas em Le Mans durante toda a semana. A corrida também é muito diferente. A pista é muito maior, temos muito mais pontos para andar no cone ‘de ar’ dos adversários. E este ano haverá a particularidade de só termos um ‘safety-car’! Em anos anteriores eram três. Acho que isto vai aumentar a espetacularidade da corrida.

8. A competir em Campeonatos distintos, mas tão iguais, como achas que se poderiam complementar?
O primeiro passo para aproximar os dois campeonatos, já foi dado. Um regulamento que permite aos carros, disputar os dois campeonatos ou em particular, disputarem as 24h de Le Mans e as 24h de Daytona. Há, no entanto, culturas e pistas muito distintas. Acredito que com o passar dos anos esta proximidade será cada vez maior. Até porque desenvolver um carro desta natureza é tão caro e minucioso que dar-lhe visibilidade e oportunidade de competir ‘cá e lá’ é uma vantagem enorme. A Resistência só sai a ganhar.

9. Sentes que és um privilegiado por puderes disputar dois dos melhores campeonatos de resistência?
Sou mesmo, mas trabalhei e trabalho muito para aqui estar. Estar entre os melhores do mundo é difícil, é exigente e muitas vezes castrador, porque temos de abdicar de muitas coisas para colocar a profissão em primeiro lugar. Para além disso é uma pressão enorme porque há excelentes pilotos por todo o mundo, à espera de uma oportunidade para ficar com o teu lugar. Isso obriga-me a exigir o máximo de mim e a nunca falhar ou a falhar muito pouco. Estou orgulhoso e feliz com o meu percurso. Tento tirar de dentro de mim o melhor piloto que tenho, sempre que entro em pista! Essa dedicação e empenho fazem de mim, aquilo que sou hoje. Não poderia pedir mais.

10. Fazendo uma previsão, como achas que vais terminar o ano de competição?
Não faço ideia. A única certeza que tenho é que estou em equipas e campeonatos em que discuto as vitórias e os títulos. Agora é ganhar o maior número de provas e no final da temporada fazer as contas.
 
 
   
 
 
     
 
 
 
 
 
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