Texto  
 
 
 
COUCEIRO TENCIONA CONTINUAR NA PORSCHE SUPERCUP  
2000-08-27  
O piloto português Pedro Couceiro tenciona continuar na Porsche Supercup, apesar de se sentir “pessoalmente prejudicado” pelos pneus que a Pirelli esta temporada tem fornecido a todos os participantes no “campeonato monomarca mais competitivo do mundo”, onde alinha pelo terceiro consecutivo. Embora “não pretenda culpar” o fabricante italiano pela “época menos boa” que tem estado a fazer, o único representante luso na competição lembra que foi “um dos primeiros a dizer” que os pneus deste ano eram piores que os das temporadas anteriores e que “não aguentavam uma corrida inteira feita \'a fundo\'” .
Em declarações à Comunicação Social efectuadas já depois do cancelamento da corrida prevista para hoje, domingo, em Spa Francorchamps, no âmbito do Grande Prémio da Bélgica de Fórmula 1, Couceiro considerou que “a verdade desportiva e o prestígio” da Porsche Supercup foram “afectados” pelos pneus que a Pirelli esta época introduziu, porque “nunca antes se assistira a corridas anuladas nem a terminar mais cedo, abruptamente, porque os pneus não davam garantias”.
Com cinco desistências, todas provocadas por toques ou abalroamentos de adversários, nas nove provas até agora disputadas, o piloto lisboeta considera “ter razões suficientes para se sentir um dos mais prejudicados” pela situação. Lembra, aliás, que logo na segunda corrida do campeonato, em Silverstone, fez “uma série de reparos” aos responsáveis da Porsche Motorsport, uma vez que “já tinha dado para ver que as novas misturas de borracha não iam aguentar uma corrida sprint, de menos de meia hora, nos circuitos mais rápidos do campeonato, como Hockenheim, por exemplo, onde um Porsche 911 GT3 da Supercup roda largos minutos acima dos 250 km/h”.
• MISTURAS DE BORRACHA DIFERENTES
Por outro lado, acrescenta, os pneus traseiros apresentaram-se este ano com “um perfil um pouco mais alto” do que em 1999, o que veio “alterar completamente” as afinações do carro. “Este Porsche é um verdadeiro carro de corrida e qualquer alteração que nele se introduza tem consequências imediatas. Foi o que se verificou. O carro ficou muito mais instável, com reacções imprevisíveis e bastante mais difícil de pilotar. Nos seus limites, ficou mesmo um carro inseguro. Este aspecto explica, a meu ver, a enorme quantidade de toques e batidas registadas este ano. Eu, lamentavelmente, fui dos que pior me adaptei e acabei por levar tempo demais a ter o carro em boas condições”, explica o piloto apoiado pela Kilo Americano.
E como se tudo isto não bastasse, Pedro Couceiro adianta ainda que “as misturas de borracha têm diferido de prova para prova”, o que tem levado a generalidade dos pilotos e, inclusivamente, a Porsche a criticar o controlo de qualidade adoptado pela Pirelli.
“Houve corridas — salienta — em que os pneus desempenharam um papel determinante. Com um controlo de qualidade deficiente, a certa altura tudo era… uma lotaria. Houve pilotos com mais sorte, a quem foram entregues pneus em condições razoáveis, e outros, como me aconteceu a mim algumas vezes, que tiveram de fazer possíveis e impossíveis para evitar que os pneus rebentassem em plena corrida. Daí, a meu ver, tantos toques e confusões em quase todas as corridas”.
• MELHORES TEMPOS NOS TREINOS LIVRES…
Neste quadro, e com tudo ainda por decidir nesta edição 2000 da Porsche Supercup, os pilotos voltaram a ser bastante críticos em relação aos pneus Pirelli, na última sexta-feira, depois de terem realizado treinos livres, de manhã, e a primeira das duas sessões de qualificação previstas, da parte da tarde. Em face da acelerada degradação dos pneumáticos italianos na pista de Spa Francorchamps, como um dia de treinos tinha evidenciado, e depois de um final de corrida antecipado em quatro voltas em Hungaroring, há duas semanas, os responsáveis da Porsche não tiveraram outra saída que não fosse o cancelamento da segunda sessão de qualificação e da corrida, a 10ª. e penúltima da época. “Foi uma decisão sensata”, considera Couceiro.
“A partir do momento — continua — em que se começou a comentar, no seio do pelotão, que a Pirelli não assumia a responsabilidade pelo pneu ao fim de quatro voltas efectuadas em toada de corrida, alegadamente devido às altas velocidades que os nossos carros atingem na pista belga e à elevada compressão com que o pneu rola na curva de Eau Rouge, foi ganhando forma a ideia de que era preferível cancelar esta corrida e fazer disputar uma jornada dupla em Indianápolis, no final de Setembro. E pelas informações mais recentes que tenho, assim vai ser: vamos fazer duas corridas na mítica pista norte-americana no fim-de-semana de 23 e 24 de Setembro, realizando-se uma no sábado e outra no domingo. Até lá, espero que a Pirelli e a Porsche encontrem soluções consistentes para o problema dos pneus. Assim não podemos continuar, tanto mais que as classificações individual e por equipas se decidirão ali”.
Refira-se, a terminar, que em Spa Francorchamps, na sexta-feira passada, a maioria dos pilotos da Porsche Supercup fez melhores tempos nos treinos livres do que na sessão de qualificação, o que evidencia bem o problema dos pneus vivido pelos 20 pilotos classificados no campeonato. Pedro Couceiro, por exemplo, registou a 8ª. marca de manhã, com 2m31,414s, para à tarde, com todos os participantes a trabalhar para obterem um bom lugar na grelha de partida, cair para 2m32,315s e o 12º. tempo. O mesmo se passou, aliás, com Patrick Huisman, vencedor das três últimas edições e actual líder do campeonato, que foi cronometrado, primeiro, em 2m29,504s e posteriormente baixou para 2m30,555s, embora se tenha cotado sempre como o mais rápido em pista.
“Se ainda fosse ao contrário, ainda se podia perceber. Agora, piorar quase um segundo entre os treinos livres e a primeira qualificação… não se usa em lado nenhum. Só mesmo com aqueles pneus…”, comenta o piloto lisboeta.
 
 
   
 
 
     
 
 
 
 
 
Copyright PNC 2007-2020 Implementação: B-Way   Programação: AltoDébito